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Cerca de 400 mil crianças acabam desistindo de frequentar a escola no Brasil




A gente que não é estudado não tem tanta oportunidade, não é’?”. Com os olhos cheios de lágrimas ao falar sobre o assunto, Maria Neta, 55 anos, conta que teve que desistir dos estudos aos 13 anos de idade, quando engravidou da sua primeira filha. “A gente vivia na fazenda e aí conheci um rapaz, engravidei e casei. Não conseguia ir para a escola, porque tinha que trabalhar, cuidar de casa e das crianças. Queria saber escrever direito. Meu sonho é poder dizer que eu tenho um diploma”, lamenta a dona de casa. 


Histórias como a de Maria Neta, infelizmente, são comuns no Brasil. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que, em todo o país, quase 400 mil crianças entre 9 e 17 anos estavam fora da escola no último ano. 


Já no ano de 2021, o Censo Escolar informou que, apenas no Maranhão, 17,4 mil adolescentes estavam sem cursar o Ensino Médio. O levantamento situava o estado entre as 10 unidades federativas com mais adolescentes nessa situação - e o terceiro na região Nordeste, atrás apenas da Bahia e do Rio Grande do Norte. Entre as meninas, atualmente, a gravidez na adolescência aparece como um dos principais fatores para o abandono dos estudos, respondendo por 23,1% dos casos. 


A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) estabelece que a frequência e permanência na educação básica é obrigatória dos 4 aos 17 anos. Apesar dessa proteção legal, a realidade pode ser bem diferente. “A falta de tempo e a dificuldade em conciliar os estudos com a maternidade, além da incompreensão das instituições de ensino, são obstáculos significativos.”, explica a pedagoga e professora da Facimp Wyden, Ariana Lima.


Segundo Ariana, a gravidez na adolescência é frequentemente resultado de uma combinação de fatores, como a falta de informação sobre métodos contraceptivos, pressão social, baixa autoestima e a ausência de diálogo sobre sexualidade em casa e na escola. “A busca por afeto e aceitação também pode levar a esse problema”, destaca a professora.


A professora explica ainda que enfrentar a evasão escolar requer uma abordagem multifacetada que inclui apoio psicológico, programas de conscientização sobre saúde sexual e reprodutiva e a criação de um ambiente escolar acolhedor para jovens mães. “É crucial abordar essas questões de forma sensível e buscar soluções eficazes para garantir que todas as crianças e adolescentes tenham acesso à educação e um futuro melhor”, diz.

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